A trajetória pessoal e profissional de J. Edgar Hoover é repleta de fatos e mitos e de certa forma habitou o imaginário daqueles interessados pela História do século XX. Afinal, ele foi a autoridade máxima do FBI por mais de 40 anos (aliás, foi o real fundador de tal instituição), participando de algumas das principais investigações criminais nos EUA. Conviveu com as mais altas esferas do poder nos Estados Unidos, influenciando diretamente nos rumos de uma nação. Perseguiu comunistas e homossexuais (apesar de ser gay e praticamente casado com um assessor). É claro que uma biografia tão rica e complexa como essa faria pressupor que renderia um filme, no mínimo, interessante, ainda mais quando se fica sabendo que o cineasta que comandará a empreitada será Clint Eastwood, responsável por algumas obras brilhantes nas últimas décadas. Em vista destas circunstâncias, o resultado final de “J. Edgar” (2011) acaba sendo frustrante. Não é um mau filme: Eastwood demonstra a velha classe e elegância no filmar, além de saber captar nuances importantes na caracterização do protagonista (nesse caso, mérito também de Leonardo DiCaprio, que novamente se desprende da pecha da galã e consegue compor um personagem que oscila com sutileza entre o autoritário e o vulnerável). O que incomoda na produção é a frieza e falta de aprofundamento em determinadas passagens, fazendo com que o filme tenha aquela aparência de um apressado resumão e de narrativa por vezes monótona. Eastwood não arrisca muito em suas tomadas, sugerindo uma certa preguiça criativa, não dando aquela grandeza formal de obras como “Os Imperdoáveis” (1992) e “Sobre Meninos e Lobos” (2003).
Nenhum comentário:
Postar um comentário