segunda-feira, abril 30, 2012

Lollipop Monster, de Ziska Riemann ***1/2


Dentro de um imaginário cinematográfico com tendências para o obscuro e fetiches, “Lollipop Monster” (2011) é uma obra estranhamente sedutora, reciclando com certa classe e ironia elementos típicos da cultura pop contemporânea. A trama evoca discretamente algo do mote central do extraordinário “Almas Gêmeas” (1994) de Peter Jackson, mas dentro de um conceito pós-punk alemão (nesse sentido, a diretora Ziska Riemann parece mostrar sintonia estética e espiritual com outros nomes do cinema germânico como Wim Wenders e Fatih Akin). A relação de amizade obsessiva entre duas jovens colegiais, uma aspirante pintora de visual gótico e órfã de pai artista suicida e uma loirinha voluptuosa, desenvolve-se dentro de uma ambientação que se divide sem cerimônias entre o realismo e o delírio. De vez em quando, Riemann se perde num visual e edição “clipeiros”, mas na maioria dos momentos acerta na concepção formal que remete a um tom de conto de fadas sombrio. Colabora ainda na elaboração de tal atmosfera a bela trilha sonora, um verdadeiro compêndio de blues bastardos do novo milênio. E ao trafegar numa linha tênue entre o sardônico e o trágico, Riemann obtém uma conclusão insólita, exaltando de forma inesperada a união familiar, ainda que manchada por um pouco de sangue...

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