quinta-feira, abril 19, 2012

O Guarda, de John Michael McDonagh ***



O grande atrativo de “O Guarda” (2011) se encontra mais na caracterização peculiar de alguns personagens do que em alguma provável ousadia formal. O comportamento indolente e sarcástico do protagonista, o policial Gerry Boyle (Brendan Gleeson), e os diálogos repletos de intelectualismos sardônicos do trio de traficantes interpretado por Mark Strong, Liam Cunningham e David Wilmot possuem um encanto perverso, por representarem uma espécie de ode contra o pensamento politicamente correto. A trama policial que embala tais elementos pode ser corriqueira no seu desenvolvimento, mas também é eficiente e não soa apelativa. O tom cômico que por ora permeia o roteiro acaba tendo mais uma conotação amarga e niilista do que um alívio escapista. O diretor John Michael McDonagh estabelece uma narrativa quase sem sobressaltos, que beira o opaco, mas que de certa forma se mostra em sintonia com ambiente letárgico da cidade costeira em que Boyle vive. Ou seja: as escolhas formais e temáticas de McDonagh podem não gerar maiores arroubos criativos, mas não deixam de ser coerentes com a proposta cinematográfica de “O Guarda”.

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