quarta-feira, abril 18, 2012

O Homem Que Mudou o Jogo, de Bennett Miller ***



Em um primeiro momento, “O Homem Que Mudou o Jogo” (2011) pode parecer apenas mais um filme a mostrar uma história edificante sobre superação pessoal. Num olhar mais atento, entretanto, o que se pode perceber é que a produção em questão envereda por outro lado – funciona como uma espécie de exaltação do racionalismo. Afinal, o que o protagonista Billy Beane (Brad Pitt), manager de um time de beisebol, propõe para a comissão técnica do clube onde trabalha é deixar de lado a visão obscurantista na seleção dos atletas, baseada em intuições e crendices, para adotar uma postura que beira o cientificismo, usando como referência dados estatísticos. Independente do mérito de tal escolha, é interessante notar como uma simples postura baseada em critérios objetivos acaba trazendo à tona, ainda que de forma velada, uma série de posturas de intolerância. O filme não propõe soluções mágicas: o projeto de Billy se impõe de forma lenta e progressiva, enfrentando uma gama de percalços entre reclamações e resultados negativos. O grande mérito do diretor Bennett Miller está em escolher uma estrutura formal enxuta, em que mesmo em meio a várias cenas que se resumem em essência a discussões alongadas em escritórios ou em partidas de beisebol (às vezes, incompreensíveis para platéias não habituadas ao esporte), consegue-se fazer com que a trama mantenha o interesse e a tensão. Não há sobressaltos, nem grandes viradas na história: tudo parece avançar dentro de um caminho natural, num ritmo narrativo que de certa forma emula a própria vida.

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