O diretor alemão Tom Tykwer buscou uma sintonia existencial entre as concepções
formal e temática em “Triângulo Amoroso” (2010). A história do relacionamento
amoroso entre um casal heterossexual e um homem que é amante dos dois por
circunstâncias aleatórias do destino (e, assim, sem que eles saibam dessa
estranha condição) acaba tendo uma narrativa algo fragmentada, mas
estranhamente fluida. O mote principal do roteiro estabelece contatos com
elementos pontuais que pontilham a trama (biologia, filosofia, política, arte –
todos esses temas que se relacionam com as atividades pessoais e profissionais
dos amantes). Esse modelo de narrativa tão repleta de detalhes, entretanto, não
tornam o filme um objeto de arte marcado por um hermetismo inacessível – o que
eles oferecem a “Triângulo Amoroso” é uma sofisticada ironia, em que a tragédia
ou outra conseqüência mais apelativa é trocada pela naturalidade na aceitação
de comportamentos e sentimentos. O final feliz não soa como uma solução fácil,
mas sim como um desafio às convenções da moralidade ocidental.
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