segunda-feira, outubro 19, 2015

Bata antes de entrar, de Eli Roth **

O fato de “O albergue” (2005) ser uma espécie de clássico do cinema de horror desse século sempre fará com que se preste atenção nos filmes que o diretor Eli Roth venha a lançar. Sua ótima sequencia lançada em 2007 aumentaram ainda mais o crédito de Roth. Tais expectativas positivas, entretanto, acabam sendo frustradas com sua obra mais recente, “Bata antes de entrar” (2015). O que incomoda no filme não é simplesmente o fato de se apoiar em diversos clichês narrativos. Afinal, a trama no estilo “psicopatas dementes atormentando um bom lar pequeno burguês” pode ainda render alguma coisa de interessante (é só lembrar, por exemplo, o que Michael Haneke aprontou nas duas versões do brilhante “Funny Games”). Nesse sentido, a produção dirigida por Roth traz um roteiro que até traz alguns elementos instigantes no confronto que se faz entre as forças do caos representada pela enlouquecida dupla de gostosas sádicas e os bons valores morais e sociais simbolizadas pela fotogênico, asséptico e hipócrita patriarca que é acossado pelas garotas (aliás, ele é um arquiteto hipster descolado casado com uma bela artista plástica espanhola). O problema de “Bata antes de entrar” é que os elementos de ousadia demente e questionadora não passam para a própria concepção artística do filme – ao invés do barroquismo visual enlouquecido e sangrento de “O albergue”, há uma espécie de formalismo contido e despersonalizado. A encenação proposta por Roth é genérica e carente de tensão, não causando empatia para nenhum dos personagens (aliás, tendo um Keanu Reeves no auge da inexpressividade dramática fica bem difícil ter tal empatia). Por vezes, até se insinua em alguns detalhes traços de uma estética diferenciada, em que Roth poderia dar vazão à criatividade que havia demonstrado em trabalhos anteriores, como nas sequencias de sexo, no bom uso de canções de rock e pop para criar uma atmosfera, em alguns diálogos desbocados, em algumas ambientações de sordidez perturbadora. Mas tais intenções acabam ficando só na promessa diante de boa parte das soluções artísticas conservadoras da obra.

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Eu me lembro que eu assisti a versão original da decada de 80 e com certeza é melhor do que essa