quinta-feira, outubro 01, 2015

Timbuktu, de Abderrahmane Sissako **

Há filme que ganham destaque na mídia, indicações e prêmios em festivais importantes e reconhecimento da crítica muito mais pelo contexto histórico político-social em que são lançados do que pelos seus méritos artísticos em si. “Timbuktu” (2014) é um exemplar claro dessa tendência. No mundo atual, em que conflitos religiosos dominam boa parte do globo, esse longa da Mauritânia acaba ressoando de forma mais ampla, ao ter como trama principal o cotidiano de uma família de nômades pastores que é abalado pela opressão e desmando do grupo fundamentalista religioso que domina a região onde moram. A direção de Abderrahmane Sissako é apenas correta – direção de fotografia e edição apresentam competência, gerando uma narrativa fácil de acompanhar, mas que não necessariamente é envolvente. O espectador pode  até se comover com as injustiças e tragédias que permeiam a trama, mas não há alguma tensão mais efetiva e nem algum rasgo estético que salte aos olhos. Dentro da atual conjuntura, o filme é uma experiência válida pelo caráter informativo de sua temática, chamando atenção para o momento histórico conturbado pelo qual atravessa um número considerável de países asiáticos e africanos tomados pelo fanatismo místico. Em termos puramente cinematográficos, entretanto, “Timbuktu” é uma produção descartável e de criatividade anêmica.

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