terça-feira, julho 12, 2016

Janis: Little girl blue, de Amy Berg ***

Há um fato bastante emblemático na vida da cantora norte-americana Janis Joplin no qual o documentário “Janis: Little girl blue” (2015), que trata da trajetória pessoal e artística de sua protagonista, se detém com bastante ênfase: o fato dela no auge do seu sucesso ter “demitido” a sua banda Big Brother and The Holding Company pelo motivo do grupo não ser o “profissional” suficiente para acompanha-la numa fase de sua carreira onde as expectativas seriam maiores. Na visão do filme, e de muitos apreciadores de rock, tal decisão da cantora foi equivocada pelo fato da Big Brohter ter sempre apresentado a sintonia artística e existencial ideal com Joplin. Após esse rompimento, a cantora nunca mais teria apresentado a mesma intensidade em seu trabalho e teve uma derrocada considerável em sua vida particular que acabou culminando numa overdose fatal de heroína. Tal teoria encontra uma ressonância simbólica na própria relação entre o documentário em questão e a sua biografada. Ainda que respeitável na sua combinação de farto material de arquivo entre preciosas imagens de apresentações de Joplin e depoimentos reveladores de parentes, amigos e parceiros de música, a produção dirigida por Amy Berg é de um formalismo correto e sem maiores ousadias, bem ao contrário da arte esfuziante e visceral de Joplin, um misto azeitado e muito particular de blues, rock e soul. Falta aquela centelha criativa que Martin Scorsese mostrou com brilhantismo em obras-primas como “O último concerto de rock” (1978) e “Bob Dylan: No direction home”. Ainda assim, “Janis: Little girl blue” não deixa de ser um retrato interessante tanto sobre uma artista fundamental do século XX como dos fascinantes e conturbados anos 60. 

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