Caché, de Michael Haneke ****
“Caché” é uma das experiências cinematográficas mais radicais exibidas nas telas nesse ano. O diretor Michael Haneke, autor de outras obras ousadas como “Funny Games” e “Professora de Piano”, utiliza-se bastante do recurso de uma câmera fixa, que aparentemente parece estar filmando atos e fatos meramente cotidianos, num registro fortemente naturalista, mas a medida que o tempo vai passando tais enquadramentos vão se tornando cada vez mais reveladores. Haneke não está nem um pouco disposto a facilitar a vida do expectador, sendo que “Cachê” exige do mesmo uma absorção plena para que entenda a visão sombria do cineasta sobre as relações humanas.
A trama de “Cachê” é simples como premissa inicial: uma família começa a receber vídeos que mostram que a mesma está sendo vigiada. Essa simplicidade, entretanto, é ilusória. O que Haneke faz é simplesmente desconstruir o gênero suspense. Tanto que logo descobrimos quem está fazendo essa vigília ameaçadora. O que acaba interessando ao cineasta é aos poucos revelar os motivos que levaram o “vilão” a tomar a sua estranha atitude. Quanto mais a trama do filme avança nessa direção de explicitar as causas, mais perturbador “Caché” se torna, mergulhando numa amarga demonstração da indiferença e crueldade humana na figura de Georges (Daniel Auteill, num brilhante trabalho dramático repleto de sutilezas), o pai da família e aparente “vítima” da situação. Haneke, contudo, não cai em maniqueísmo no sentido de caracterizar heróis e vilões para o seu filme. Os seus personagens são muito mais aprofundados ao se mostrarem como indivíduos capazes de ações extremas devido a sentimentos como egoísmo, inveja e ressentimentos diversos. O resultado desse rigoroso trabalho do cineasta é uma obra que gera um tremendo desconforto para quem assiste, mas que ao mesmo tem uma força inegável em prender o expectador.
“Caché” é uma das experiências cinematográficas mais radicais exibidas nas telas nesse ano. O diretor Michael Haneke, autor de outras obras ousadas como “Funny Games” e “Professora de Piano”, utiliza-se bastante do recurso de uma câmera fixa, que aparentemente parece estar filmando atos e fatos meramente cotidianos, num registro fortemente naturalista, mas a medida que o tempo vai passando tais enquadramentos vão se tornando cada vez mais reveladores. Haneke não está nem um pouco disposto a facilitar a vida do expectador, sendo que “Cachê” exige do mesmo uma absorção plena para que entenda a visão sombria do cineasta sobre as relações humanas.
A trama de “Cachê” é simples como premissa inicial: uma família começa a receber vídeos que mostram que a mesma está sendo vigiada. Essa simplicidade, entretanto, é ilusória. O que Haneke faz é simplesmente desconstruir o gênero suspense. Tanto que logo descobrimos quem está fazendo essa vigília ameaçadora. O que acaba interessando ao cineasta é aos poucos revelar os motivos que levaram o “vilão” a tomar a sua estranha atitude. Quanto mais a trama do filme avança nessa direção de explicitar as causas, mais perturbador “Caché” se torna, mergulhando numa amarga demonstração da indiferença e crueldade humana na figura de Georges (Daniel Auteill, num brilhante trabalho dramático repleto de sutilezas), o pai da família e aparente “vítima” da situação. Haneke, contudo, não cai em maniqueísmo no sentido de caracterizar heróis e vilões para o seu filme. Os seus personagens são muito mais aprofundados ao se mostrarem como indivíduos capazes de ações extremas devido a sentimentos como egoísmo, inveja e ressentimentos diversos. O resultado desse rigoroso trabalho do cineasta é uma obra que gera um tremendo desconforto para quem assiste, mas que ao mesmo tem uma força inegável em prender o expectador.
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