O Veneno da Madrugada, de Ruy Guerra ***
A produção mais recente do veterano cineasta Ruy Guerra é uma versão para a tela grande de um romance de Gabriel Garcia Márquez. E como acontece em algumas adaptações semelhantes, acaba caindo em algumas armadilhas, principalmente pelos diálogos empostados e pela caracterização excessivamente teatral de alguns personagens. Apesar disso, “O Veneno da Madrugada” traz um frescor e uma inventividade que são artigos raros no atual panorama do cinema brasileiro, fazendo com que o filme se destaque nessa recente safra nacional. Um dos grandes pontos altos do filme é a magnífica fotografia de Walter Carvalho: a sua câmera percorre a pequena cidadezinha onde se passa a trama com uma desenvoltura admirável, obtendo ângulos de forte impacto visual e que acentuam ainda mais o clima opressivo imposto pela narrativa de Guerra. Os enquadramentos de Carvalho conseguem aproveitar com habilidade detalhes como a arquitetura decadente do cenário e a chuva incessante que paira durante praticamente todo o filme. Fascinante também é a forma com que Guerra abandona em alguns momentos a linearidade da narrativa e faz com que a mesma retroceda no tempo apresentando diferentes pontos de vista ou até mesmo soluções diferentes para o roteiro.
Por mais irregular que possa ser, “O Veneno da Madrugada” é uma obra instigante como poucas dentro do cinema nacional. Dentro de uma conjuntura em que os filmes brasileiros parecem procurar cada vez mais um padrão estético pasteurizado e próximo à televisão, é extremamente salutar que haja alguém como Ruy Guerra disposto a levar a linguagem cinematográfica a rumos mais interessantes e originais.
A produção mais recente do veterano cineasta Ruy Guerra é uma versão para a tela grande de um romance de Gabriel Garcia Márquez. E como acontece em algumas adaptações semelhantes, acaba caindo em algumas armadilhas, principalmente pelos diálogos empostados e pela caracterização excessivamente teatral de alguns personagens. Apesar disso, “O Veneno da Madrugada” traz um frescor e uma inventividade que são artigos raros no atual panorama do cinema brasileiro, fazendo com que o filme se destaque nessa recente safra nacional. Um dos grandes pontos altos do filme é a magnífica fotografia de Walter Carvalho: a sua câmera percorre a pequena cidadezinha onde se passa a trama com uma desenvoltura admirável, obtendo ângulos de forte impacto visual e que acentuam ainda mais o clima opressivo imposto pela narrativa de Guerra. Os enquadramentos de Carvalho conseguem aproveitar com habilidade detalhes como a arquitetura decadente do cenário e a chuva incessante que paira durante praticamente todo o filme. Fascinante também é a forma com que Guerra abandona em alguns momentos a linearidade da narrativa e faz com que a mesma retroceda no tempo apresentando diferentes pontos de vista ou até mesmo soluções diferentes para o roteiro.
Por mais irregular que possa ser, “O Veneno da Madrugada” é uma obra instigante como poucas dentro do cinema nacional. Dentro de uma conjuntura em que os filmes brasileiros parecem procurar cada vez mais um padrão estético pasteurizado e próximo à televisão, é extremamente salutar que haja alguém como Ruy Guerra disposto a levar a linguagem cinematográfica a rumos mais interessantes e originais.
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