Esse documentário norte-americano de 2003 é uma aula apaixonada e esclarecedora sobre o movimento cinematográfico blackexploitation. O cineasta Isaac Julien combina de forma objetiva e com tremenda sensibilidade trechos das principais obras, imagens de arquivos e depoimentos, compondo um belo panorama sobre o gênero que, apesar de marginalizado como menor, tem uma considerável legião de fãs e ainda consegue exercer uma influência estética sobre o cinema atual. Julien explora muito bem o lado didático do seu filme, buscando explicações econômicas e sociológicas para refletir sobre a ascensão, apogeu e queda dessas produções setentistas voltada para o público negro (mas que acabava evidenciando um apelo universal), sem nunca esquecer um lado bem humorado ao revelar algumas anedotas e fofocas de bastidores. O diretor não adota uma postura de pura exaltação do gênero, procurando também mostrar as contradições que contribuíram com o fim da blackexploitation. No mais, não dá para deixar de destacar momentos antológicos como a entrevista com Tarantino, em que ele esmiúça a sua visão muito pessoal sobre o gênero além de relacionar o mesmo com a realização do extraordinário Jackie Brown, sua homenagem a esse universo. E é claro que num filme com uma temática como essa não poderia faltar uma arrasadora trilha de black music, com algumas das pepitas sonoras que iluminaram boa parte dessas películas.
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