Confesso que nunca gostei dos escritos de Clarah Averbuck. A impressão que tenho assistindo a “Nome Próprio” (2008), produção brasileira baseada nos livros “Máquina de Pimball” e “Vida de Gato”, é que Murilo Salles também tem a mesma opinião... O interesse do cineasta não é exatamente pelo texto em si da obra literária de Averbuck, mas na conexão que se dá entre esse texto e a própria vida da autora. Vemos a vida desregrada de Camila, alter ego da escritora, e a forma com que esse caos se transforma em literatura.
Salles explora ambigüidades ao extremo. Vai do hedonismo sensual da intensa vida íntima da protagonista até momentos de profunda solidão e abandono. Camila também consegue ser selvaticamente sexy e encantadora em determinadas seqüências e em outras se converte em uma deprimente e neurótica desmiolada que enche o saco de todo mundo. A dicotomia atração e repulsa parece ser a força motriz do que Camila escreve e também é a base conceitual de “Nome Próprio”. Salles administra essa verdadeira montanha russa de sensações e sentimentos com maestria, indo do registro simples e de tons naturalistas do quotidiano atribulado de Camila até a uma busca por uma linguagem experimental, principalmente quando procura fundir cinema e literatura ao dar visibilidade às palavras sendo tecladas diretamente no que está enquadrado pela câmera. Sua narrativa é envolvente e também perturbadora: parece questionar constantemente o modus operandi de Camila, além de progressivamente, através de pequenos detalhes cênicos, confundir o próprio espectador sobre a “verdade” daquilo que estamos assistindo – será que Camila realmente viveu tudo aquilo ou é apenas ela se transformando cada vez mais em ficção??
Salles também foi particularmente feliz ao escolher Leandra Leal para o papel de Camila. A atuação da atriz é de uma dimensão quase de possessão: intensa e feroz, mas também transpirando fragilidade emocional, Leal busca a naturalidade a qualquer preço – sua expressividade não é apenas facial, mas totalmente corporal (poucas vezes se viu uma atriz ficar tanto tempo nua como se fosse algo tão natural). A impressão é que ela conseguiu ser mais Clarah Averbuck que a própria Clarah!
Por falar nela, dizem que Averbuck ficou descontente com o resultado final de “Nome Próprio”. Ora, ela devia agradecer ao Salles por ter sua obra revigorada de forma tão extraordinária!
Salles explora ambigüidades ao extremo. Vai do hedonismo sensual da intensa vida íntima da protagonista até momentos de profunda solidão e abandono. Camila também consegue ser selvaticamente sexy e encantadora em determinadas seqüências e em outras se converte em uma deprimente e neurótica desmiolada que enche o saco de todo mundo. A dicotomia atração e repulsa parece ser a força motriz do que Camila escreve e também é a base conceitual de “Nome Próprio”. Salles administra essa verdadeira montanha russa de sensações e sentimentos com maestria, indo do registro simples e de tons naturalistas do quotidiano atribulado de Camila até a uma busca por uma linguagem experimental, principalmente quando procura fundir cinema e literatura ao dar visibilidade às palavras sendo tecladas diretamente no que está enquadrado pela câmera. Sua narrativa é envolvente e também perturbadora: parece questionar constantemente o modus operandi de Camila, além de progressivamente, através de pequenos detalhes cênicos, confundir o próprio espectador sobre a “verdade” daquilo que estamos assistindo – será que Camila realmente viveu tudo aquilo ou é apenas ela se transformando cada vez mais em ficção??
Salles também foi particularmente feliz ao escolher Leandra Leal para o papel de Camila. A atuação da atriz é de uma dimensão quase de possessão: intensa e feroz, mas também transpirando fragilidade emocional, Leal busca a naturalidade a qualquer preço – sua expressividade não é apenas facial, mas totalmente corporal (poucas vezes se viu uma atriz ficar tanto tempo nua como se fosse algo tão natural). A impressão é que ela conseguiu ser mais Clarah Averbuck que a própria Clarah!
Por falar nela, dizem que Averbuck ficou descontente com o resultado final de “Nome Próprio”. Ora, ela devia agradecer ao Salles por ter sua obra revigorada de forma tão extraordinária!
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