O cineasta canadense Denys Arcand deve ter ficado de saco cheio de ser levado tão a sério com o superestimado melodrama humanista “As Invasões Bárbaras” (2003). Em “A Era Inocência” (2007), permanece a sua visão crítica sobre a sociedade contemporânea, mas dessa vez moldada em uma forma mais irregular e sardônica. Prevalece no filme um tom que varia entre o surreal e o jocoso sobre a vida fútil e frustrante do homem moderno, geralmente pontuado também pelo gosto pelo politicamente incorreto. As melhores seqüências do filme são justamente aquelas que investem pesadamente nesse lado irônico mais ofensivo, principalmente nos delírios misóginos que o protagonista Jean-Marc LeBlanc (Marc Labrèche) tem com as mulheres que o oprimem (esposa, sua chefe executiva, suas colegas de trabalho, uma possível amante pirada que acha que é uma lady da Idade Média). O ponto fraco de “A Era da Inocência” é justamente quando Arcand ameniza a sátira para tentar passar alguma “lição de vida” para LeBlanc. Mesmo assim, é uma obra que serve como um bem vindo refresco humorado e sacana para Arcand depois daquele excessivo incensamento da crítica e do público pós-“As Invasões Bárbaras”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário