O gênero memorialista infantil, em que a trama se concentra
em episódios de infância de um protagonista, é bastante recorrente no cinema. E
pode parecer até um recurso manjado utilizar esse tipo de temática para ganhar
a simpatia das plateias. Isso não quer dizer, entretanto, que de vez em quando
não possa aparecer uma obra de relevância dentro do gênero, como é o caso do
recente e extraordinário “O verão do Skylab” (2011), obra singular na sua
combinação de narrativa fluente, roteiro bem amarrado, senso de humor afiado e
atmosfera encantadora. Nada disso aparece em “Meninos de Kichute” (2010) –
parece que o diretor Luca Amberg pensou que o simples fato de mostrar crianças
fazendo peraltices e dizendo umas bobagens seria capaz de fazer de sua obra
algo memorável. Não há vigor e inspiração na encenação proposta por Amberg,
apenas uma narrativa trôpega, cuja trama se revela um compêndio de lugares
comuns sem graça. Até a crítica que se faz a repressão religiosa no filme soa
mecânica e mal explorada. Poderia se dizer que por ser Amberg um diretor
estreante não daria para ser tão exigente com “Meninos de Kichute”, mas
Truffaut em seu longa de estréia, “Os incompreendidos” (1959), gerou uma
obra-prima sobre a infância e adolescência...
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