O documentário “São Silvestre” (2013), dirigido por Lina
Chamie, foi uma das mais gratas surpresas do cinema nacional nos últimos anos
na sua combinação de esporte, música e encenação insólita. Assim, “Os amigos”
(2013), outra recente obra de Chamie, acaba sendo uma decepção, tanto pela
comparação que se faz com a produção anterior quanto pelos seus supostos méritos
artísticos. É claro que se pode perceber uma louvável ambição artística da
cineasta ao estruturar sua narrativa aos moldes do clássico literário “A Odisséia”
de Homero dentro de uma ambientação moderna e urbana, além de rechear sua
encenação com toques intelectuais sofisticados, indo de boas escolhas nos temas
musicais e passando por referências literárias e teatrais. Chamie não se
contentou também com uma encenação naturalista, demonstrando ousadias estéticas
na utilização de trucagens visuais e desvios para o cinema fantástico. Na
realidade, entretanto, o excesso de pretensão e truques formais descamba para
uma narrativa afetada e truncada – pode-se eventualmente gostar de alguma
sacada cultural do filme, mas a demasia nos artifícios de linguagem poucas
vezes consegue efetivamente cativar o espectador, que pouco se sente envolvido
pelas situações e personagens da trama.
2 comentários:
São Silvestre vi somente uma vez no Cinebancários
Da Chamie, André, gostei somente de seu primeiro filme, "Tônica dominante". Achei "Saõ Silvestre" muito chato. Eron.
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