Uma das coisas que mais impressiona no cineasta canadense
Xavier Dolan é a maturidade humanista das abordagens existenciais de seus filmes,
além do extraordinário vigor narrativo de tais produções. Isso já era evidente
em sua obra de estreia, “Eu matei a minha mãe?” (2009), lançado quando ele
tinha apenas 19 anos, e agora sua marca artística fica ainda mais indelével em “Mommy”
(2014). Assim como no seu debut, nesse filme mais recente a trama se concentra
num enfoque intimista e familiar, mas que também em seu subtexto traz uma visão
bastante coerente e ácida sobre as relações humanas no mundo moderno. A encenação
proposta por Dolan é um estranho misto entre atribulados embates físicos e sutis
nuances psicológicas. Dentro dessa complexa e intensa concepção formal/temática,
revela-se fundamental o esmerado trabalho de direção de atores com o trio
protagonista em composições dramáticas que variam com selvagem naturalismo
entre a contenção emocional e explosões de ira, alegria e sensualidade.
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