terça-feira, setembro 22, 2015

Férias frustradas, de John Francis Daley e Jonathan M. Goldstein **

É claro que dentro dessa eterna prática de Hollywood em fazer remakes, continuações, reboots e afins o interesse principal é faturar um lucro fácil a partir de uma produção que já “deu certo” em termos comerciais. Também é fato, entretanto, que ocasionalmente essa “revisitação” traz alguma intenção artística mais relevante propondo um aprofundamento conceitual ou uma expansão estética (nesse sentido, é só conferir o recente e extraordinário “Mad Max – A estrada da fúria”). “Férias frustradas” (2015) acaba sendo um exemplar emblemático desses conflitos comerciais e artísticos. Assim como no filme original de 1983 que deu origem à franquia, a proposta dessa comédia é até simples: tendo como base um roteiro repleto de pastelão, escatologias, grosserias e piadinhas infames, há espaço para um subtexto de caráter crítico que mistura exaltação de valores familiares e ironia com os valores e boçalidades do norte-americano médio. No caso dessa produção mais recente, dá para dizer que há uma queda maior para a violência e escrotidão gráficas. No cômputo geral, a equação entre comédia física e narrativa equilibrada é muito mais afiada no memorável trabalho original de Harold Ramis e Amy Heckerling. A obra dirigida por John Francis Daley e Jonathan M. Goldstein tem alguns bons momentos engraçados pelos seus exageros, mas poucas vezes consegue arranjar o tom narrativo adequado. Mesmo o seu roteiro é bem descompassado – a pretensa ironia ácida de algumas situações acaba atenuada por um discurso temático bastante conservador e simplórios nas resoluções dos principais dilemas da história.

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