quarta-feira, agosto 30, 2017

Anabelle 2 - A criação do mal, de David F. Sandberg **1/2

A franquia “Invocação do mal” e os filmes derivados com a boneca Anabelle têm uma certa coerência artística e temática, propondo-se a uma atualização dos principais clichês narrativos do gênero horror, principalmente dentro de uma fórmula acessível para o grande público em que o roteiro evoca no seu âmago a proteção dos valores familiares diante de ameaças satânicas e o formalismo se baseia em uma concepção mais limpa em termos visuais – claro que há os momentos de violências e trucagens explícitas de monstros e efeitos sobrenaturais, mas nada também que ofenda ou traumatize o gosto das plateias. O fato das tramas se passarem em um determinado período entre os anos 60 e 70 faz também com que a estética das produções se aventure dentro de uma discreta abordagem retrô. Dentro de tal abordagem do gênero, o ponto alto foi "Invocação do mal 2” (2016), onde todos esses elementos adquiriam uma harmonia narrativa mais coesa e eficiente. Em “Anabelle 2 – A criação do mal” (2017), a fórmula já começa a apresentar alguns desgastes. Há alguns aspectos que se mostram promissores, principalmente na questão do roteiro centralizar boa parte das ações dentro de um grupos de garotas órfãs, que oscilam de idade entre a infância e a adolescência, fazendo com que o subtexto da história guarde algumas sacadas interessantes relativas a ritos de passagem e sexualidade feminina. Tais pontos existenciais, entretanto, são apenas tangenciados diante da necessidade comercial de se atender aos preceitos mais previsíveis do gênero. O mecanismo de sustos do filme por vezes consegue criar alguma tensão e impacto para o espectador, mas nada que chegue a ser especialmente memorável. Falta para a produção dirigida por David F. Sandberg sutileza e ousadia na construção de uma atmosfera de mistério, pois sempre fica patente a necessidade de não deixar pontas soltas e fazer ligações protocolares com os roteiros dos demais filmes da franquia.

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Eu achei um filme muito melhor que o primeiro e dando sinal que os filmes derivados podem ir bem longe.