Até pouco tempo atrás, quando se falava em rock brasileiro, mencionava-se Cely Campelo nos anos 50, a Jovem Guarda, a Tropicália e os Mutantes nos anos 60 e se pulava direto para os anos 80 e daí por diante até os dias de hoje. Ou seja, em termos roqueiros, os anos 70 eram uma espécie de vácuo para a maioria das pessoas. Mais recentemente, com essa onda de nostalgia recheada de almanaques históricos, recomeçou-se a falar novamente em bandas antes quase esquecidas como a Bolha, Spectrum e Módulo 1000. Isso sem falar que os discos das mesmas se tornaram extremamente valiosos para colecionadores de vinil, surgindo reedições dos mesmos até mesmo no exterior. Dessa forma, foi redescoberto o universo psicodélico e até mesmo ingênuo de uma das fases mais criativas da música brasileira.
“1972”, produção brasileira de 2006, tem a pretensão de resgatar para as telas esse universo, além de fazer um retrato do país em pleno auge da ditadura militar. Aparentemente, o diretor José Emílio Rondeau e a roteirista Ana Maria Bahiana seriam os nomes ideais para uma empreitada como essa. Afinal, ambos têm uma experiência vasta dentro do jornalismo cultural e conhecimento de causa suficiente sobre a temática abordada em “1972”. A abertura do filme colabora ainda mais para essa expectativa, com um belo trabalho de grafismos típicos da época. Todos esses indícios promissores, entretanto, acabaram não resultando num trabalho realmente satisfatório. Os anos 70 representam um período altamente turbulento e contraditório da história recente brasileira, onde as influências da geração flower power (drogas, amor livre e ideais libertários) batiam de frente contra a repressão autoritária. O problema de “1972” é que o filme não consegue captar esta tensão, acabando por resultar numa visão esquemática e sem tesão de uma época tão fascinante quanto a abrangida pela obra, sendo que tal período termina utilizado apenas como pano de fundo para uma comédia romântica. E mesmo o mote principal, o relacionamento entre o jovem músico Snoopy (Rafael Rocha) e a jornalista Júlia (Dandara Guerra), é desenvolvido de forma tão insípida e artificial que em poucos momentos conseguimos sentir alguma empatia pelo casal.
Apesar disso tudo, “1972” vale uma conferida pela sua parte musical, tanto pela sua trilha sonora repleta de pérolas da época como pelas apresentações das bandas durante shows, além da caracterização fiel Cláudio Gabriel como o alucinado DJ Big Boy, que conseguem dar uma certa vitalidade para o filme.
“1972”, produção brasileira de 2006, tem a pretensão de resgatar para as telas esse universo, além de fazer um retrato do país em pleno auge da ditadura militar. Aparentemente, o diretor José Emílio Rondeau e a roteirista Ana Maria Bahiana seriam os nomes ideais para uma empreitada como essa. Afinal, ambos têm uma experiência vasta dentro do jornalismo cultural e conhecimento de causa suficiente sobre a temática abordada em “1972”. A abertura do filme colabora ainda mais para essa expectativa, com um belo trabalho de grafismos típicos da época. Todos esses indícios promissores, entretanto, acabaram não resultando num trabalho realmente satisfatório. Os anos 70 representam um período altamente turbulento e contraditório da história recente brasileira, onde as influências da geração flower power (drogas, amor livre e ideais libertários) batiam de frente contra a repressão autoritária. O problema de “1972” é que o filme não consegue captar esta tensão, acabando por resultar numa visão esquemática e sem tesão de uma época tão fascinante quanto a abrangida pela obra, sendo que tal período termina utilizado apenas como pano de fundo para uma comédia romântica. E mesmo o mote principal, o relacionamento entre o jovem músico Snoopy (Rafael Rocha) e a jornalista Júlia (Dandara Guerra), é desenvolvido de forma tão insípida e artificial que em poucos momentos conseguimos sentir alguma empatia pelo casal.
Apesar disso tudo, “1972” vale uma conferida pela sua parte musical, tanto pela sua trilha sonora repleta de pérolas da época como pelas apresentações das bandas durante shows, além da caracterização fiel Cláudio Gabriel como o alucinado DJ Big Boy, que conseguem dar uma certa vitalidade para o filme.
Nenhum comentário:
Postar um comentário