Tanto eu quanto alguns conhecidos meus tivemos uma reação parecida em relação ao filme “À Procura da Felicidade”. Ao ler a sinopse e assistir o trailler dessa produção de 2006, logo pensávamos em mais uma daquelas produções rotineiras da surrada temática “lute, acredite no sistema e você vencerá”. Mas ao assistir o mesmo, tem-se a grande surpresa de ver que o filme é bem mais do que isso.
Para começar, a opção estética do diretor Gabriele Muccino para a sua narrativa dá um frescor renovado para “À Procura da Felicidade”. Além de uma contundente abordagem que beira o naturalismo, o cineasta apresenta ótimas influências do cinema norte-americano dos anos 70, com um ótimo trabalho de edição que lembra o melhor de William Friedin, além dos belos tons de cores quase granuladas que permeia por todo o filme. A criativa revitalização do estilo setentista por parte de Muccino, acentuada ainda mais pela trilha sonora recheada de clássicos da black music da época, faz de “À Procura da Felicidade” uma espécie de gêmeo espiritual do brilhante “Em Busca de Um Sonho”.
Outro aspecto que me agradou muito também em “À Procura da Felicidade” é a perspectiva que Muccino oferece para a trama. O que motiva Chris Gardner (Will Smith) a sair de uma situação econômica desesperadora e buscar um novo rumo para a sua vida não é apenas uma idealizada crença no “american way of life”, mas principalmente uma desesperada luta pela sobrevivência e dignidade suas e de seu filho. Dessa forma, toda a angústia pela qual pai e filho passam ao longo do filme chega a ser tremendamente palpável tamanha a força humana com a qual Muccino focaliza as relações pessoais e profissionais, sem cair em sentimentalismos e pieguices fáceis.
Mas se formos pensar com mais cuidado, talvez não seja tão surpreendente assim o fato de “À Procura da Felicidade” ser uma das melhores produções cinematográficas a aparecer nos últimos meses. Afinal, Gabriele Muccino já havia demonstrado talento considerável em “O Último Beijo”, uma cáustica visão sobre a maturidade emocional dos “trintões”, e “Para Sempre Nas Nossas Vidas”, poética visão sobre a adolescência. “À Procura da Felicidade” confirma Muccino como uma das boas revelações a surgir nos últimos anos no cinema.
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