“Apocalypto”, até o presente momento, é o grande ponto alto da carreira de Mel Gibson como cineasta. Ele consegue oferecer uma das visões mais originais sobre os povos americanos pré-colonização e ao mesmo tempo realiza uma dos melhores filmes de aventura dos últimos anos.
Os primeiros 15 minutos de “Apocalypto” são quase idílicos. Acompanha-se a calma e doce rotina de uma tribo indígena que vive em harmonia com a natureza e consigo mesma. Ao mesmo tempo, entretanto, sente-se que algo de errado está para acontecer a qualquer momento, como se aquela aparente felicidade estivesse alicerçada em bases frágeis, quase etéreas. Tais previsões acabam se concretizando, sendo que repentinamente caçadores maias atacam a tribo, dizimam boa parte da população e levam o restante da mesma como prisioneiros visando transformá-los em vítimas de sacrifício para os seus deuses. A partir desse momento, “Apocalypto” muda radicalmente de perspectiva, transformando-se numa saga de luta desesperada pela sobrevivência por parte de Pata de Jaguar (Rudy Youngblood) para que possa voltar para sua tribo e salvar sua família que está presa num buraco.
Para narrar a busca pela liberdade de Pata de Jaguar, Gibson não abre concessões. “Apocalypto” é frenético, violento e assustador, com alguns momentos que beiram o sobrenatural. A seqüência em que os Maias e seus prisioneiros encontram uma menina sobrevivente de uma aldeia dizimada pela peste, por exemplo, é puro cinema de horror, com a criança amaldiçoando os mesmos com as mais tétricas profecias e com uma voz absurdamente macabra. Mais assombrosas ainda, entretanto, são as impressionantes cenas de sacrifícios humanos no tempo maia, em que a reação quase de gozo da população maia diante às execuções é tão aterrorizante quanto os corações arrancados e as cabeças decepadas no altar do templo. E é claro que não dá para esquecer do momento em que Pata de Jaguar corre e tropeça por diversas vezes em um campo repleto de cadáveres em avançado estado de decomposição.
Mas o grande auge cinematográfico de “Apocalypto” é toda a empolgante seqüência de perseguição final na floresta. Por mais que se possa ficar deslumbrado com a beleza natural da selva, Gibson dá também uma dimensão misteriosa e mortal para a mesma, como se a cada metro pudesse haver surpresas nada agradáveis. Esse paradoxo entre o belo e o fatal no ambiente selvagem torna ainda mais tenso e alucinado o combate entre Pata de Jaguar e os seus perseguidores maias. A criatividade e o virtuosismo de Gibson em algumas cenas dessa seqüência chegam a lembrar alguns dos melhores momentos de “O Último dos Moicanos”, magnífica obra-prima de aventura de Michael Mann.
O fato de “Apocalypto” ser um épico repleto de violência e crueldade não representa uma opção estética gratuita por parte de Gibson. Na verdade, é o complemento perfeito para a leitura do filme sobre o contexto histórico em questão. Na visão de Gibson, tanto as tribos indígenas como os próprios maias viviam num estado de plena desintegração dessas sociedades, marcados pela apatia e por absurdos fanatismos religiosos que os impediam de enfrentar os seus graves problemas sociais e econômicos. O posterior massacre desses povos pelos colonizadores espanhóis seriam apenas conseqüência dessa decadência. Por mais preconceituosa que possa parecer tal visão, não deixa de ser admirável a contundência e honestidade de Mel Gibson no expor a mesma no seu devastador “Apocalypto”.
Os primeiros 15 minutos de “Apocalypto” são quase idílicos. Acompanha-se a calma e doce rotina de uma tribo indígena que vive em harmonia com a natureza e consigo mesma. Ao mesmo tempo, entretanto, sente-se que algo de errado está para acontecer a qualquer momento, como se aquela aparente felicidade estivesse alicerçada em bases frágeis, quase etéreas. Tais previsões acabam se concretizando, sendo que repentinamente caçadores maias atacam a tribo, dizimam boa parte da população e levam o restante da mesma como prisioneiros visando transformá-los em vítimas de sacrifício para os seus deuses. A partir desse momento, “Apocalypto” muda radicalmente de perspectiva, transformando-se numa saga de luta desesperada pela sobrevivência por parte de Pata de Jaguar (Rudy Youngblood) para que possa voltar para sua tribo e salvar sua família que está presa num buraco.
Para narrar a busca pela liberdade de Pata de Jaguar, Gibson não abre concessões. “Apocalypto” é frenético, violento e assustador, com alguns momentos que beiram o sobrenatural. A seqüência em que os Maias e seus prisioneiros encontram uma menina sobrevivente de uma aldeia dizimada pela peste, por exemplo, é puro cinema de horror, com a criança amaldiçoando os mesmos com as mais tétricas profecias e com uma voz absurdamente macabra. Mais assombrosas ainda, entretanto, são as impressionantes cenas de sacrifícios humanos no tempo maia, em que a reação quase de gozo da população maia diante às execuções é tão aterrorizante quanto os corações arrancados e as cabeças decepadas no altar do templo. E é claro que não dá para esquecer do momento em que Pata de Jaguar corre e tropeça por diversas vezes em um campo repleto de cadáveres em avançado estado de decomposição.
Mas o grande auge cinematográfico de “Apocalypto” é toda a empolgante seqüência de perseguição final na floresta. Por mais que se possa ficar deslumbrado com a beleza natural da selva, Gibson dá também uma dimensão misteriosa e mortal para a mesma, como se a cada metro pudesse haver surpresas nada agradáveis. Esse paradoxo entre o belo e o fatal no ambiente selvagem torna ainda mais tenso e alucinado o combate entre Pata de Jaguar e os seus perseguidores maias. A criatividade e o virtuosismo de Gibson em algumas cenas dessa seqüência chegam a lembrar alguns dos melhores momentos de “O Último dos Moicanos”, magnífica obra-prima de aventura de Michael Mann.
O fato de “Apocalypto” ser um épico repleto de violência e crueldade não representa uma opção estética gratuita por parte de Gibson. Na verdade, é o complemento perfeito para a leitura do filme sobre o contexto histórico em questão. Na visão de Gibson, tanto as tribos indígenas como os próprios maias viviam num estado de plena desintegração dessas sociedades, marcados pela apatia e por absurdos fanatismos religiosos que os impediam de enfrentar os seus graves problemas sociais e econômicos. O posterior massacre desses povos pelos colonizadores espanhóis seriam apenas conseqüência dessa decadência. Por mais preconceituosa que possa parecer tal visão, não deixa de ser admirável a contundência e honestidade de Mel Gibson no expor a mesma no seu devastador “Apocalypto”.
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