Ao contrário de suas produções anteriores, dramas com tintas policiais (“Os Matadores”, “Ação Entre Amigos” e “O Invasor”), o diretor Beto Brant opta em “Crime Delicado” por uma trama em que os tiroteios estão ausentes, mas nem por isso sua narrativa deixa de impressionar ao retratar a violência nas relações humanas.
Brant é ambicioso na concepção de “Crime Delicado”. Sua pretensão é fazer o cinema dialogar com outras manifestações artísticas, como se buscasse pontos em comum ou até mesmo de ruptura entre diversas expressões culturais. A começar pela trilha sonora, repleta de temas clássicos e eruditos e passando pelas seqüências em que são exibidos trechos de peças teatrais. Nesse último ponto, Brant obtém um resultado fortemente original: o que vemos não é puro teatro filmado, mas sim enquadramentos inusitados para os atos filmados. É difícil precisar se o que estamos vendo é cinema ou teatro, é como se fosse um terceiro caminho.
O ponto alto, entretanto, de “Crime Delicado” nessa busca de comunicação entre gêneros artísticos é a longa, detalhada e crua seqüência em que o pintor José Torres Campana (Felipe Ehrenberg) trabalha num quadro de sua musa Inês (Lílian Taulib), indo desde os primeiros esboços até o resultado final. Brant filma todo esse processo com uma precisão e ousadia fantásticas, em que artista e musa se integram de uma forma quase obsessiva.
A partir dessa visão sobre o universo artístico, Brant mostra também o impacto que uma obra pode ter sobre o indivíduo através da figura do crítico teatral Antônio (Marcos Ricca). Em seus textos, Antônio procura racionalizar tudo que assiste, enquadrando sobre uma ótica reducionista uma atividade que é extremamente vinculada à sensibilidade e criatividade. Quando Antônio conhece Inês e se defronta com o “modus operandi” de Campana, as teorias restritas do crítico se abalam, revelando que o mesmo, pretenso analista cultural, está tão imerso em preconceitos e tacanhices quanto qualquer simples mortal que adora assistir novelas ou Big Brother.
É claro que as ousadias de Brant em “Crime Delicado” nem sempre atingem o alvo certo, sendo que o filme está longe de ser perfeito. Mesmo assim, é uma obra de peso dentro do cinema brasileiro, sendo que a sua busca de sintonia entre o cinema e outras formas de arte representa um saudável inconformismo, coisa rara de se encontrar atualmente na cinematografia nacional.
Brant é ambicioso na concepção de “Crime Delicado”. Sua pretensão é fazer o cinema dialogar com outras manifestações artísticas, como se buscasse pontos em comum ou até mesmo de ruptura entre diversas expressões culturais. A começar pela trilha sonora, repleta de temas clássicos e eruditos e passando pelas seqüências em que são exibidos trechos de peças teatrais. Nesse último ponto, Brant obtém um resultado fortemente original: o que vemos não é puro teatro filmado, mas sim enquadramentos inusitados para os atos filmados. É difícil precisar se o que estamos vendo é cinema ou teatro, é como se fosse um terceiro caminho.
O ponto alto, entretanto, de “Crime Delicado” nessa busca de comunicação entre gêneros artísticos é a longa, detalhada e crua seqüência em que o pintor José Torres Campana (Felipe Ehrenberg) trabalha num quadro de sua musa Inês (Lílian Taulib), indo desde os primeiros esboços até o resultado final. Brant filma todo esse processo com uma precisão e ousadia fantásticas, em que artista e musa se integram de uma forma quase obsessiva.
A partir dessa visão sobre o universo artístico, Brant mostra também o impacto que uma obra pode ter sobre o indivíduo através da figura do crítico teatral Antônio (Marcos Ricca). Em seus textos, Antônio procura racionalizar tudo que assiste, enquadrando sobre uma ótica reducionista uma atividade que é extremamente vinculada à sensibilidade e criatividade. Quando Antônio conhece Inês e se defronta com o “modus operandi” de Campana, as teorias restritas do crítico se abalam, revelando que o mesmo, pretenso analista cultural, está tão imerso em preconceitos e tacanhices quanto qualquer simples mortal que adora assistir novelas ou Big Brother.
É claro que as ousadias de Brant em “Crime Delicado” nem sempre atingem o alvo certo, sendo que o filme está longe de ser perfeito. Mesmo assim, é uma obra de peso dentro do cinema brasileiro, sendo que a sua busca de sintonia entre o cinema e outras formas de arte representa um saudável inconformismo, coisa rara de se encontrar atualmente na cinematografia nacional.
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