terça-feira, abril 24, 2007

Free Zone, de Amos Gitai *



Antes de comentar sobre “Free Zone”, tenho a dizer que sempre gostei dos filmes do cineasta israelense Amos Gitai. Produções como “Laços Sagrados”, “O Dia do Perdão” e “Kedma” são obras vigorosas no seu rigor estético e na visão contundente sobre questões problemáticas como fundamentalismo religioso e conflito entre árabes e judeus. Dessa forma, afirmo tranqüilamente que “Free Zone” é disparado o seu pior filme em todos os sentidos possíveis. Formalmente, é uma produção que parece preguiçosa, apoiando-se basicamente em planos seqüências sem maiores brilhos. A parte temática, entretanto, é ainda pior. Gitai tem a pretensão de fazer do seu roteiro uma espécie de metáfora da falta de entendimento entre árabes e judeus, mas a execução dessa idéia é completamente equivocada, pois as concepções ideológicas do diretor ficam tão explicitadas em situações e diálogos que acabamos tendo a sensação no final do filme que não sobrou qualquer espaço para reflexão sobre o que acabamos de assistir.

Acredito que o maior motivo para que “Free Zone” tenha dado tão errado é o fato de que Gitai desejou um caráter mais “acessível” para o filme (o que fica evidenciado pela presença de Natalie Portman em um dos papéis principais) e acabou sacrificando muito do seu estilo próprio de trabalhar em nome desse objetivo. O resultado é um filme sem personalidade e tremendamente enfadonho e que provavelmente não atraiu novas platéias e desagradou boa parte dos seus antigos admiradores.

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