Algo deve ficar bem claro em relação a “Che – O Argentino” (2008): não vai ser com esse filme que vamos entender o que é o socialismo ou vamos compreender quem realmente era Che Guevara. Ou seja, detratores não se converterão à causa do protagonista e admiradores da sua figura não mudarão de opinião. Narrando a saga da revolução socialista em Cuba, partindo do planejamento inicial e chegando até a tomada final de Havana, a produção dificilmente pode se enquadrar no gênero “político”. O que se tem, enfim, é um filme de guerra que tem como pano de fundo o evento histórico mencionado, sendo que nesse quesito “Che – O Argentino” se revela uma obra de respeito. O cineasta Steven Soderbergh comanda com habilidade ótimas seqüências de ação, tanto nas seqüências angustiantes nas florestas, retratadas como um opressivo e úmido inferno verde, como nas eletrizantes cenas de guerrilha urbana, usando até mesmo, em alguns momentos, um registro de tons quase documentais, mas sem apelar para câmeras tremendo. A narrativa de Soderbergh é dinâmica e objetiva como poucas, não dando muitas pausas para reflexão. Já Benicio Del Toro obtém uma eficiente composição dramática no papel de Guevara: apesar de dispensar maiores nuances de interpretação, ele mimetiza com precisão trejeitos e poses do mito.
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