sexta-feira, outubro 02, 2009

Noite e Nevoeiro, de Alain Resnais ****


A II Guerra Mundial foi o evento mais importante e marcante do século XX. É claro que isso não é novidade para ninguém, mas também não dá para esquecer que esse conflito serviu como inspiração para uma infinidade de filmes, memoráveis ou não. Por isso, é até complicado tentar afirmar qual seria a melhor obra cinematográfica envolvendo o tema. Creio, entretanto, que “Noite e Nevoeiro” (1955) chega bem perto desse título. Esse documentário dirigido por Alain Resnais é um retrato impressionante sobre os famigerados campos de concentração nazistas. Resnais adota uma narrativa distanciada e aparentemente fria, que parece anteceder a sua particular concepção formal para “Hiroshima Meu Amor” (1959) e “O Ano Passado em Marienbad” (1961). A câmera serena e objetiva registra o já abandonado campo de Auschwitz em vários detalhes e nuances, acompanhada de um texto preciso e quase impessoal, falado em tom vago e etéreo, que descreve uma boa parte dos horrores e atrocidades cometidos naquele nefasto local. E o que era na superfície um relato visual e textual desprovido de sentimento aos poucos e sutilmente ganha uma carga dramática feroz. É nessa abordagem ambígua que se concentra o poder de fogo de “Noite e Nevoeiro” – é como se Resnais nos lembrasse da impossibilidade de ficarmos impassíveis diante de lembranças tão dolorosas sobre a crueldade humana, mesmo que se tente buscar uma visão puramente histórica e isenta de emoções.

4 comentários:

Davi OP disse...

Esse é um filmaço. Já viste "Veneno", "Superstar" e "Safe", do Todd Haynes?

André Kleinert disse...

O "Safe" eu vi ano passado, ou retrasado (não me lembro), lá na PF é achei do caralho, demais mesmo. O "Superstar" e o "Veneno" ainda não vi. Tu sabes como eu sou: acabo dando prioridade para o que está no cinema, e não vejo muita coisa em DVD.

Davi OP disse...

Eles ainda não existem em DVD. O "Superstar" continua sendo maldito pelos problemas de direitos de imagem e música. É um filme fodástico, tão bom quanto o restante da filmografia do Haynes e dá uma base do que viria com os filmes de músicos, que espero que ele continue realizando. O mais fraco é "Veneno", que ainda é ótimo, mas sofre um pouco por questões de ritmo, mas mostra a capacidade dele de resgatar estilos de outras épocas, coisa que ele fez no "Safe", "Velvet..." e "Longe do Paraíso" com uma "facilidade" assustador.

Davi OP disse...

...assustadora.