Tentar reconstituir fatos do passado através de um registro preciso e realista é uma missão árdua e complexa, além de poder ser limitador em termos de criatividade e até em termos de entendimento de tais fenômenos. Já uma leitura sobre esses mesmos fatos sob a luz de uma impressão pessoal, marcada pelas possíveis distorções e sentimentos que esse tipo de abordagem traz, acaba sendo muito mais reveladora e ousada para a compreensão de determinados acontecimentos. Esse raciocínio me veio à mente ao assistir “Valsa Com Bashir” (2008), insólita produção que combina documentário e animação ao narrar uma dramática passagem da vida do diretor Ari Folman que ele bloqueou na sua mente, o que faz com que não se recorde com clareza do que realmente aconteceu. O recurso da animação permite que se entre, inclusive, dentro do universo onírico que habita a mente de Folman, bem como vejamos o passado dele sob um prisma subjetivo e que se apropria do irreal e do lisérgico para enquadrar nebulosos fatos.
O que perturba Folman a ponto de involuntariamente sufocar certas lembranças é a sua participação em conturbados episódios ocorridos quando era soldado do exército israelense. A investigação que Folman faz do próprio passado é sufocante: a cada momento que a trama avança, fica evidente que os motivos das suas amnésias são perfeitamente compreensíveis, com o horror das mortes e violência que advém do conflito bélico entre judeus e árabes crescendo numa proporção assustadora.
De certa forma, a utilização de recursos de animação permite uma suavizada na visão sobre um tema tão espinhoso, mas Folman, de forma precisa, abandona por breves momentos os traços desenhados quando na conclusão da investigação e mostra em live action os sangrentos resultados de um massacre em um campo de refugiados palestinos promovido por judeus. Independente da causa com que o espectador possa se identificar, é difícil o mesmo ficar impassível diante de uma exposição tão crua dos efeitos de um conflito bárbaro como esse.
O que perturba Folman a ponto de involuntariamente sufocar certas lembranças é a sua participação em conturbados episódios ocorridos quando era soldado do exército israelense. A investigação que Folman faz do próprio passado é sufocante: a cada momento que a trama avança, fica evidente que os motivos das suas amnésias são perfeitamente compreensíveis, com o horror das mortes e violência que advém do conflito bélico entre judeus e árabes crescendo numa proporção assustadora.
De certa forma, a utilização de recursos de animação permite uma suavizada na visão sobre um tema tão espinhoso, mas Folman, de forma precisa, abandona por breves momentos os traços desenhados quando na conclusão da investigação e mostra em live action os sangrentos resultados de um massacre em um campo de refugiados palestinos promovido por judeus. Independente da causa com que o espectador possa se identificar, é difícil o mesmo ficar impassível diante de uma exposição tão crua dos efeitos de um conflito bárbaro como esse.
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