“Hiroshima Meu Amor” (1959) é aquele tipo de produção que causa certos receios para algumas platéias. Afinal, é considerado um dos momentos chaves da história do cinema, além da já ter recebido uma infinidade de artigos escritos que realçam os seus aspectos herméticos/complexos. É claro que não dá para assistir ao mesmo esperando aquela linguagem comum e linear que a maioria das obras que se assiste costuma oferecer. O diretor Alain Resnais faz de seu filme um intrigante quebra-cabeça narrativo. Há uma trama de forte teor simbólico e emocional, mas que é embalada por um difuso aspecto formal: diálogos quase literários que parecem distanciados das imagens, enxertos de cenas documentais, alternâncias de espaços temporais. Resnais confronta também uma narrativa intimista com a força esmagadora da própria História. O que torna “Hiroshima Meu Amor” uma experiência cinematográfica definitiva é justamente a consistente unidade formal que se obtém dessa insólita combinação de elementos estéticos.
2 comentários:
Cara, quem acha "Hiroshima, Mon Amour" hermético depois de décadas de existência e a absorção de muitas das razões estéticas pelo cinema mainstream, é porque não vê nem cinema de shopping com atenção. O filme hoje em dia é pop e acessível pra dedéu. Estou com ele pra rever aqui, também. E vou ver "Muriel" pela primeira vez.
O "Muriel" eu vi esse ano também, nessa mostra do Resnais que teve lá no Santander. Gostei bastante, mas não é tão bom quando o "Hiroshima".
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