sexta-feira, abril 30, 2010

Chéri, de Stephen Frears ***


Confesso que eu andava meio ressabiado em relação a Stephen Frears. Seus últimos filmes, “Senhora Henderson Apresenta (2005)” “A Rainha” (2006), eram assépticos e burocráticos demais, e não traziam a mesma verve criativa de obras mais relevantes como “Minha Adorável Lavanderia” (1985), “Os Imorais” (1990) ou “A Grande Família” (1993). Sua produção mais recente, “Chéri” (2009), entretanto, mostra que Frears ainda tem lenha para queimar. O diretor envereda por um terreno perigoso, o da adaptação de obra literária (no caso em questão, um texto original de Colette), abusando de uma narração em off e do rigor de uma direção de arte caprichada. Mesmo não atingindo o mesmo brilhantismo narrativo que havia logrado em “Ligações Perigosas” (1988), Frears obtém um resultado satisfatório em “Chéri”, em que a combinação de montagem dinâmica e bela fotografia, aliados a um roteiro cheio de humor amargo, não deixam o filme cair no academicismo óbvio.

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