Mesmo para os padrões atuais, “Limite” (1931) continua sendo uma ousada experiência cinematográfica. O diretor Mário Peixoto rompeu com a narrativa linear e literária, realizando um filme que só poderia existir e fazer sentido como cinema. As imagens se sucedem em tom de delírios, lembranças e registros oníricos, mas não se combinam gratuitamente. As enigmáticas tomadas nos rios e as engenhosas fusões de imagens produzem seqüências que se fixam no nosso imaginário, mesmo quando não conseguimos captar na plenitude a compreensão das mesmas. Tal dificuldade de se perceber o sentido das cenas pode ser encarada como mérito do filme, ao estabelecer uma aura de mistério instigante que configura “Limite” para a mente do espectador como uma recordação difusa, algo como um sonho (ou até mesmo um pesadelo...).
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