Confesso que achei exagerados os comentários falando sobre as profundidades filosóficas da trama de “A Origem” (2010) ou da necessidade de ver mais de uma vez o filme para entendermos todas as nuances do roteiro. Creio que uma olhada atenta na produção é suficiente para compreender todos os detalhes da sua história. É claro que há várias situações rocambolescas, com diversas sub-tramas se interligando, mas nada que torne “A Origem” tão hermético. Essa profusão de situações que se desenvolvem simultaneamente em planos de realidade diferentes é algo bastante explorado nos quadrinhos. Aliás, as HQs de ficção científica parecem ser uma influência clara nessa obra de Nolan, o que se aplica também na concepção visual do filme, que aproveita com louvor as possibilidades de uma história que se desenvolve no mundo onírico oferecem, coisa, por exemplo, que a trilogia “Matrix” não conseguiu fazer em relação ao universo virtual. É mérito também do diretor conseguir desenvolver com clareza várias frentes de ação que se desenvolvem praticamente ao mesmo tempo. No mais, Nolan se vale dos recursos do sonhar mais para estabelecer uma ótima trama de ação e aventura do que para fazer considerações psicológicas sobre a mente humana (nesse sentido, a obra anterior do cineasta, “Batman – O Cavaleiro das Trevas”, é bem mais perturbadora). Isso, entretanto, não pode ser considerado demérito. Afinal, não é todo que aparece uma obra no gênero aventura tão convincente quanto “A Origem”.
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