Esta produção de 2009 dirigida pelos irmãos Coen é mais uma prova de como a linguagem cinematográfica não significa apenas técnica, mas também o elemento que dá o sentido emocional e estético de um filme. Os realizadores arquitetam uma estrutura narrativa fascinante, em que uma fotografia luminosa e a edição de ritmo clássico e sereno produzem, de forma engenhosamente contrastante, uma ambientação de tons kafkanianos e que cai como uma luva para a trajetória do protagonista Larry Gopnik (Michael Stuhlbarg), um professor judeu de classe média que vê a sua rotina familiar e social se desestruturando de forma inexorável. O que se sucede ao longo da trama de “Um Homem Sério” é uma série de fatos intimistas e que às vezes beiram o banal (em que até os delírios de um sonho acabam borrados por fatos corriqueiros e cinzentos), mas que com a abordagem formal barroca dos Coen acaba atingindo as proporções de uma obra de tintas épicas – Larry é praticamente um anti-herói trágico (ainda que marcado por uma certa comicidade involuntária). O típico recurso dos diretores em elaborar uma narrativa em que comédia e drama se fundem de forma indissociável atinge um de seus máximos graus dentro da filmografia deles.
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