As seqüências iniciais de “Malu de Bicicleta” (2010) não são muito animadoras. O diretor Flávio Tambellini investe naquela escola Jorge Furtado de dirigir: diálogos engraçadinhos e caricaturais, trucagens “espertas”, edição picotada. O filme aos poucos, entretanto, vai adquirindo uma narrativa equilibrada e sóbria, adotando uma linha dramática que se mostra bem mais eficiente e marcante que a comédia ligeira de sua abertura. Com trama que gira em torno do ciúme obsessivo do protagonista Luiz (Marcelo Serrado) pela sua bela namorada Malu (Fernanda de Freitas), “Malu de Bicicleta” lembra bastante o extraordinário “Ciúme – O Inferno do Amor Possessivo” (1994), um dos vários pontos altos da carreira do francês Claude Chabrol. Mesmo não tendo a mesma intensidade temática e formal de tal clássico, a obra de Tambellini consegue envolver pela tensão que obtém ao fazer o espectador ter a visão dos fatos sob a perspectiva distorcida e insegura de Luiz. Pena que inesperado final feliz acabe parecendo forçado e destoante.
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