terça-feira, abril 05, 2011

Sucker Punch - Mundo Surreal, de Zack Snyder 1/2 (meia estrela)


Se olharmos por uma determinada perspectiva, “Sucker Punch – Mundo Surreal” (2011) seria uma produção louvável. Em uma era em que o cinema busca novas concepções que possam atrair as platéias, uma produção que busca influências de mídias diversas como os quadrinhos e os games acaba adquirindo um caráter que beira o experimental (vide o recente e extraordinário “Scott Pilgrim Contra o Mundo”). No caso de “Sucker Punch”, entretanto, esse pretenso caráter de vanguarda acaba ficando apenas na intenção e, quem sabe, possa servir como justificativa para um filme tão tosco.

Uma das coisas que impressiona em “Sucker Punch” é o fato de que todos os equívocos de obras anteriores de Zack Snyder, como “300” (2007) e “Watchmen” (2009), são potencializados em grau máximo. Estão lá aqueles velhos cacoetes de Snyder em rechear as seqüências de ação com câmeras lentas que esbarram no estático, a conjunção pouco orgânica de cenários “live action” com efeitos digitais, a direção de fotografia que mais parece uma filmagem direta de um video game, a encenação que remete a uma espécie de video clip mal coreografado de Britney Spears. A seqüência de abertura pode até servir como um coerente cartão de visita do que vem pela frente: uma narrativa trôpega cuja interação de imagens e música é pura estética de algum vídeo ruim dessas bandas de metal sinfônico contemporâneas. E no meio de tantas escolhas formais desastradas, nem dá para reclamar da caracterização caricatural de situações e personagens. Na verdade, acaba até ficando em sintonia com o espírito da obra...

Talvez daqui alguns anos alguém possa dizer que “Sucker Punch – Mundo Surreal” ficaria enquadrado numa categoria da linha “exploitation”, pela sua ruindade e exageros. A realidade, todavia, é que o seu caráter de grande produção retira qualquer aura de fuleiragem cult, não passando, na verdade, de um enfadonho exercício de estética onde tudo deu errado.

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