quinta-feira, abril 21, 2011

Uma Manhã Gloriosa, de Roger Mitchell *1/2



Comédias que tem como pano de fundo os bastidores do jornalismo representam quase que uma vertente própria dentro do cinema norte-americano. Basta lembrar produções antológicas como “Núpcias de Um Escândalo” (1940), “A Primeira Página” (1974) ou “Nos Bastidores da Notícia” (1987). Tais filmes formatam eficaz crítica irônica ao universo dos repórteres e noticiosos a um padrão cômico tradicional e popular. Tal combinação não se efetiva em “Uma Manhã Gloriosa” (2010), que foca os conflitos envolvidos na realização de um decadente programa matinal televisivo voltado para amenidades. A nova produtora executiva Becky (Rachel McAdams) descobre que investir na vulgaridade ostensiva é a melhor forma de salvar o programa. Esse pendor para o superficial também se alastra para a própria encenação de “Uma Manhã Gloriosa”. Tudo no filme é resumido e pouco aprofundado, tanto na sua dinâmica narrativa quanto na exploração temática. O que importa é que a obra se encaminhe para o tranquilo e redentor final feliz. E talvez o personagem Mick Pomeroy (Harrison Ford) seja um preciso retrato do que se vê na tela: um experiente jornalista investigativo político que descobre que a verdadeira realização está em apresentar quadros de culinária... E a decepção só aumenta quando lembramos que o diretor Roger Mitchell já teve dias bem melhores mesmo dentro do gênero comédia romântica – vide a melancolia leve de “Um Lugar Chamado Notting Hill” (1999).

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