O diretor Phillippe Le Guay diz que “As Mulheres do 6º Andar” (2010) é um projeto pessoal, no sentido que sua trama remete a fatos que ocorreram na infância do cineasta. O resultado final do filme, entretanto, nada contra a corrente de tal informação. Afinal, trata-se de uma obra conduzida de forma tão burocrática e previsível que nem parece guardar alguma força de conotação mais autoral. A forma com que Le Guay conduz a narrativa é preguiçosa. Sua encenação e enquadramentos parecem apesar seguir uma ordem de registro de situações – não há um interesse em fazer com que enquadramentos e edição guardem algum sentido simbólico ou simplesmente produzir alguma tomada de impacto sensorial. Há apenas uma preocupação em “contar” uma história anódina e esquemática. O roteiro insinua alguns dilemas interessantes, mas as resoluções dos conflitos e dilemas são superficiais e apressadas – praticamente em uma única cena, por exemplo, o protagonista Jean-Louis Joubert (Fabrice Luchini), um corretor alienado, toma consciência das dificuldades das domésticas que vivem no 6º andar de seu prédio e resolve se tornar seu benfeitor. No geral, é justamente essa a idéia que permeia de forma constante “As Mulheres do 6º Andar”: elementos dramáticos promissores que são mal aproveitados, inclusive o elenco, que traz nomes de peso Luchini, Sandrine Kiberlain e Carmen Maura como em atuações mal delineadas e pouco expressivas.
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