Se o documentário “Trabalho Interno” (2010) trazia uma versão mais técnica e detalhada sobre os motivos que levaram à crise econômica de 2008 nos Estados Unidos (e que se espalhou pelo resto do mundo e estende seus efeitos até hoje), “Margin Call – O dia antes do fim” (2011) é a versão dramatizada de tais fatos, mas se desenvolvendo no microcosmo do escritório de um grande banco. É claro que a pretensão da obra de J.C. Chandor não é ser didática sobre uma situação histórica tão importante, mas os eventos também não servem como mero pano de fundo para o drama dos personagens. E mesmo sendo uma obra ficcional em essência, por um lado ela é até se aprofunda mais no tema do que o próprio “Trabalho Interno” no sentido de não ser tão maniqueísta e por focar com mais eficácia no lado humano. Se o referido documentário e “Capitalismo – Uma história de amor” (2009), de Michael Moore, investem numa lógica de culpar quase que exclusivamente bancos, o governo e outros agentes financeiros como responsáveis pela crise, em “Margin Call” percebe-se que o furo é mais embaixo – a tragédia econômica também tem origem numa sociedade obcecada com consumo, status social e hedonismo. O filme parece relacionar a crise a um vazio existencial coletivo. Os bem delineados dilemas morais dos personagens do filme refletem com precisão tal visão temática.
Boa parte de amigos e conhecidos costuma dizer que as minhas recomendações para filmes funcionam ao contrário: quando eu digo que o filme é bom é porque na realidade ele é uma bomba, e vice-versa. Aí a explicação para o nome do blog... A minha intenção nesse espaço é falar sobre qualquer tipo de filme: bons e ruins, novos ou antigos, blockbusters ou obscuridades. Cotações: 0 a 4 estrelas.
quinta-feira, março 22, 2012
Margin Call - O dia antes do fim, de J.C. Chandor ***
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