Além da presença do ‘Harry Potter’ Daniel Radcliffe, “A Mulher de Preto” (2012) também tem chamado atenção pelo fato de marcar o retorno à ativa da lendária produtora de horror Hammer. Em termos estéticos, o filme apresenta uma certa fleuma típica das obras sessentistas da produtora – trama envolvendo fantasmas, caracterização visual repleta de névoas, além de efeitos especiais que não apelam com tanta frequência para o digital. É claro que estamos não só numa década como num novo século. Assim, não há aquela charmosa aura “camp” que envolviam algumas das produções mais emblemáticas da Hammer. Fica-se com aquela impressão de um terror “sério”... De certa forma, “A Mulher de Preto” se mostra mais em sintonia com influências contemporâneas no gênero fantástico, principalmente em relação ao cinema oriental de horror. Isso fica evidente no roteiro – aquela virada da trama de tentar entender o que as assombrações desejam é um recurso característico da tal escola. A própria caracterização da personagem título (quase sempre de cabeça baixa e eventualmente dando gritos) lembra diversas figuras de obras como “O Chamado” (1998), “O Grito” (2003) e “Espíritos – A Morte Anda ao Seu Lado” (2004). O diretor James Watkins consegue conciliar com eficiência todas essas influências variadas sem fazer com que o filme pareça uma colcha de retalhos sem personalidade. Mesmo que boa parte dos sustos seja previsível, ele estabelece uma atmosfera de tensão e mistério razoavelmente palpável. No cômputo geral, é melhor que 90% daqueles filmes de terror recentes que tanto adoram câmeras subjetivas e tremidas...
P.S.: em determinada cena, em que um grupo de crianças fica mirando o personagem de Daniel Radcliffe com olhares esbugalhados, tive a clara impressão que elas estavam prontas para dizer “olha lá o Harry Potter!!”.
P.S.: em determinada cena, em que um grupo de crianças fica mirando o personagem de Daniel Radcliffe com olhares esbugalhados, tive a clara impressão que elas estavam prontas para dizer “olha lá o Harry Potter!!”.
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