Na intenção de mostrar a dor de uma mãe pela perda do filho,
o diretor mexicano Carlos “Hari” Sama não abre muitas concessões em “O sonho de
lu” (2011). Sua encenação é exasperante nas nuances dramáticas e planos fixos,
valorizando com bastante ênfase os silêncios e o olhar perdido da protagonista
Lucia (Ursula Pruneda em notável interpretação). Sama, na maior parte do tempo,
utiliza um registro seco e objetivo, até com um certo distanciamento emocional,
querendo evitar o sentimentalismo fácil que uma temática como essa poderia
propiciar. Em determinados momentos, entretanto, o filme se permite alguns
toques de um lirismo cortante, que vão dos números musicais (alguns executados
pela própria Lucia) até filmagens marítimas que beiram um tom épico. Esse
choque entre o realismo doloroso e esses alívios poéticos é que provoca a
grande tensão criativa da obra, fazendo com que ela se torne mais marcante no
imaginário do espectador.
Um comentário:
Otima pedida.
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