Reginaldo Faria não é iniciante na lide cinematográfica. Participou
de filmes cruciais da cinematografia nacional como “O assalto ao trem pagador”
(1962), “Lúcio Flávio: Passageiro da agonia” (1977) e “Pra frente Brasil”
(1981). Além é claro de já ter tido algumas experiências como diretor. Assim,
como explicar que tenha concebido algo tão desastroso como “O carteiro” (2010)?
Trata-se de uma obra em que simplesmente nada dá certo em nada, ainda que
possamos ver algumas boas ideias que só ficam nas intenções. Faria diz ter se
inspirado em comédias clássicas da época de ouro do cinema italiano, tanto que
situa a sua trama numa cidade de colonização italiana do Rio Grande do Sul. Essa
boa influência, entretanto, não se materializa em um resultado prático aceitável.
O roteiro é capenga, não sabendo obter uma síntese orgânica entre drama e comédia,
sendo que a encenação que beira o amador só piora ainda mais as coisas. É de se
estranhar também que Faria, ator de longa quilometragem em cinema e televisão,
tenha dirigido um elenco de interpretações tão inexpressivas. Talvez aqueles
menos exigentes possam elogiar a direção de fotografia a realçar as belas
paisagens da serra gaúcha, mas a verdade é que esse formalismo estilo cartão
postal só joga “O carteiro” naquele limite tenebroso entre a ruindade e o medíocre.
No final das contas, a produção até se torna um programa imperdível no sentido
de ver como um filme pode dar tão errado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário