quinta-feira, novembro 19, 2015

007 contra spectre, de Sam Mendes **1/2

A franquia “007” acabou tomando um outro direcionamento a partir do momento em que Daniel Craig assumiu o papel de James Bond. A violência ficou mais explícita, as histórias assumiram uma atmosfera soturna e Bond se tornou um personagem brutal e um tanto sorumbático. Para muitos, esse novo direcionamento representava uma traição àquele perfil de produções escapistas e divertidas, além da caracterização do protagonista que primava por um misto de charme e canalhice, tipo esse consagrado por Sean Connery, Roger Moore e Pierce Brosnan. Deixando esses purismos de lado, é fato que essa fase recente teve ótimos momentos dignos de entrar em qualquer antologia do melhor que já foi feito com o personagem criado por Ian Fleming. A ação alucinada de “Cassino Royale” (2006) e a elegância formal de “Skyfall” (2012) mostraram que a série ainda podia render produções cativantes. Em “007 contra Spectre” (2015), a fórmula atual, entretanto, já demonstra evidentes sinais de cansaço. É claro que estão presentes algumas boas sacadas estéticas (o plano-sequência inicial é memorável), além das trucagens apresentarem um nível gráfico expressivo. O problema dessa nova aventura de 007 é uma narrativa esquemática em excesso e pouco criativa. O roteiro faz suceder fatos de forma mecânica e pouco convincente, não gerando interesse ou empatia, o que se estende para uma caracterização pouco inspirada dos personagens (Blofeld, por exemplo, é mostrado como um vilão qualquer, e não como o antagonista mais relevante da extensa galeria de adversário de Bond). E mesma a pretensa seriedade temática da era Craig acaba soando ridícula diante da forma simplória com que a trama pretende se conectar com as histórias dos produções anteriores. Tiroteios, pancadarias e explosões se acumulam e se mostram banais e incapazes de gerar alguma efetiva tensão para o filme. Há boatos que dizem que Craig está pensando em sair da pele do agente secreto mais famoso do cinema. Diante de sua eterna cara de tédio em “Spectre” e da frouxidão da obra em questão, talvez tais suposições não sejam tão fantasiosas.

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