segunda-feira, novembro 30, 2015

Mistress America, de Noah Baumbach ***

Se em “Frances Ha” (2012) o diretor Noah Baumbach fazia uma espécie de releitura contemporânea de alguns dos maneirismos habituais da Nouvelle Vague, em “Mistress America” (2015), sua nova colaboração com atriz e roteirista Greta Gerwig, ele faz a revitalização moderninha daquelas comédias norte-americanas amalucadas dos anos 30 e 40. Usando como personagens estudantes esnobes de literatura, pseudointelectuais e figuras boêmias da noite nova-iorquina, Baumbach faz uma espécie de inventário emocional de uma geração de jovens de classe média dentro de uma estrutura narrativa que parece uma reciclagem do clássico “Levada da breca” (1938) de Howard Hawks. Pode parecer esquisito por vezes, até porque o cineasta deixa impresso boa parte do seu habitual estilo típico de cinema independente contemporâneo: narrativa seca que por vezes emula um estilo documental, roteiro de caráter naturalista, trilha sonora pop rock de acento indie (no caso, com excelentes temas compostos pela dupla Dean & Britta, além de antológicas canções de OMD e Suicide). Num primeiro momento, essa mistura de referências diversas pode parecer indigesta, mas com o desenrolar da trama o filme fica mais fluente e orgânico no seu misto de pretensão cool e comicidade. Da metade para o fim, por sinal, fica bem engraçado, com a protagonista Brooke (Gerwig), em suas tiradas bem humoradas e no seu porte desengonçado, fazendo lembrar até mesmo algumas personagens memoráveis interpretadas por Katherine Hepburn. 

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