segunda-feira, novembro 16, 2015

A floresta que se move, de Vinícius Coimbra *

O diretor Vinicius Coimbra trabalhou em algumas novelas e outras produções televisivas da Globo nesses últimos anos. Esse seu histórico na TV fica evidente na própria concepção artística de “A floresta que se move” (2015), seu filme mais recente. A intenção da obra era adaptar “Macbeth”, a clássica peça teatral de Willian Shakespeare, para o contexto contemporâneo brasileiro, fazendo com que a bastante conhecida trama envolvendo poder, traição, culpa e morte se enquadrasse dentro de um cenário envolvendo valores pequeno burgueses e a rotina de picaretagens econômicas de grandes bancos. Se as ambições de Coimbra até parecem interessantes, o resultado final, entretanto, deixa muito a desejar. O filme naufraga de forma constrangedora em todos os seus aspectos: o roteiro é destituído do menor traço de sutileza, a encenação é truncada e beira o amador na caracterização de cenas e personagens, o elenco abusa da canastrice dramática, o formalismo é asséptico e despersonalizado evocando um reclame alongado ou mesmo um insípido capítulo de uma novela qualquer. Se a intenção do espectador era ver uma versão cinematográfica para um texto original de Shakespeare, é melhor procurar algum trabalho dirigido por Kenneth Branagh. Mas se por outro o desejo da plateia é assistir a alguma tranqueira, dá para encarar esse “A floresta que se move”. Afinal, sua ruindade é tão escancarada que chega até a ser divertida.

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