quinta-feira, maio 05, 2016

Capitão América: Guerra civil, de Anthony e Joe Russo ***

Há problemas que vêm se tornando recorrente em algumas produções dos estúdios da Marvel: o excesso de situações e diálogos inúteis na trama, abordagem melodramática em demasia de determinadas passagens, falta de foco e consistência no roteiro, intepretações over de parte do elenco. Tais equívocos voltam a aparecer em “Capitão América: Guerra civil” (2016) e por vezes quase fazem sucumbir a narrativa. Duas horas e meia de duração podem fazer pressupor que haverá uma composição dramática mais cuidadosa de personagens e situações, mas não é o que acontece. As interessantes nuances políticas e psicológicas da minissérie original “Guerra civil” feita para as HQs são suprimidas em nome de uma simplificação exagerada e pouco convincente. Isso fica evidente principalmente nas sequências finais, quando se fica sabendo das pueris motivações do vilão Barão Zemo (Daniel Brühl) – aliás, até dá para entender que nem tudo o que acontece no universo Marvel no cinema é igual ao que está nas HQs, mas transformar um dos principais antagonistas do Capitão nos quadrinhos em uma figura tão insípida chega a beirar uma heresia desnecessária e brochante. Com todos esses defeitos e mesmo com o fato de ser bem inferior na comparação com “O primeiro vingador” (2011) e “O soldado universal” (2014), “Capitão América: Guerra civil” ainda se mostra como um filme de super-heróis bem divertido. A dupla de cineastas Anthony e Joe Russo tem mão ótima para cenas de ação, promovendo algumas cenas de perseguições e pancadarias bem memoráveis. O conflito de heróis no hangar de aviões e o duelo final entre o Capitão e o Homem de ferro certamente podem entrar numa antologia de grandes momentos da Marvel nos cinemas. Além disso, alguns personagens recebem caracterizações carismáticas e bastante fiéis aos originais dos “comics”, a começar pelo próprio Capitão América (Chris Evans), cada vez mais icônico e imponente, além de Pantera negra (Chadwick Boseman), Homem formiga (Paul Rudd) e Homem-aranha (Tom Holland). Esse último, por sinal, consegue deixar ótimas expectativas para um novo filme do aracnídeo.

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