quinta-feira, maio 12, 2016

Descompensada, de Judd Apatow ***

Amy Schumer é um dos nomes mais interessantes que despontaram nos últimos anos na comédia norte-americana. Seu programa para a televisão traz alguns sketches hilários na sua bem azeitada combinação de crônica comportamental, ironia ácida, grosseria e mesmo um pouco de escatologia, fazendo um retrato mordaz do universo feminino no século XXI. Um dos grandes méritos de “Descompensada” (2015), longa-metragem escrito e protagonizado por Schurmer, é justamente preservar a particular concepção artística da autora/atriz dentro de um tradicional modelo de comédia romântica. Não à toa, o diretor do filme é Judd Apatow, um dos diretores mais expressivos no gênero da atualidade, vide alguns trabalhos memoráveis como “O virgem de 40 anos” (2005) e “Tá rindo de quê?” (2008). O roteiro de “Descompensada” traz situações que permitem a Schurmer desfiar sua habitual verve cáustica sobre a superficialidade e inconstância das relações sentimentais contemporâneas, mas sem fazer com que tais momentos pareçam uma obra à parte dentro da trama principal do filme. Pelo contrário – tais sequências cômicas se encaixam com naturalidade dentro da estrutura de crônica familiar moral do filme. Nesse contexto, as soluções finais da história podem soar um tanto conservadoras para os padrões de Schurmer, mas ainda assim por vezes soam até efetivamente engraçadas. No mais, Apatow consegue extrair alguns desempenhos antológicos de seu elenco, com destaque para Tilda Swinton e a própria Schurmer.

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