segunda-feira, maio 23, 2016

Truman, de Cesc Gay ***

É claro que existem razões aparentes que fazem com que “Truman” (2015) desperte algum ceticismo sobre suas qualidades. Afinal, a trama versa sobre dois amigos que se reencontram devido ao fato de que para um deles restam apenas alguns poucos meses de vida. Logo se pode pensar em vários momentos lacrimogêneos e edificantes, com direito a todos os truques de manipulação emocional habitualmente adotados por melodramas derramados. Ocorre, entretanto, que tais previsões pessimistas não se concretizam, pois há uma sobriedade formal e mesmo sentimental na condução narrativa efetivada pelo diretor espanhol Cesc Gay que faz com que o filme evite boa parte das soluções fáceis e formulaicas que esse tipo de produção poderia apresentar. Predomina uma atmosfera de melancolia resignada e mesmo discreta comicidade, além de uma elegância estética, sendo que esse tratamento artístico sereno faz com que a carga emocional afete de maneira muito mais eficaz e memorável o espectador. Nesse sentido, de se destacar pelos uma sequência antológica, aquela em que uma relação sexual serve para catarse para sentimentos de frustração e perda.

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