quinta-feira, junho 09, 2016

Yorimatã, de Rafael Saar ***1/2

Documentários sobre música virou uma prática mais que recorrente no cinema brasileiro contemporâneo. Praticamente todos os grandes nomes do cancioneiro nacional e os gêneros mais expressivos do país já mereceram um filme (alguns, até mais que um). Até mesmo a apreciação de tais obras, tanto por parte de público quanto de crítica, acaba recebendo uma abordagem diferenciada, pois mesmo quando a produção em si não é grande coisa, o fato de estar trazendo para a tela grande a arte e a vida de algum grande nome ou os meandros de um estilo muito estimado acaba tornando a experiência cinematográfica em questão algo no mínimo válido. Dentro desse panorama, “Yorimatã” (2014) se mostra como uma obra singular. Ao abordar a trajetória artística e pessoal da dupla de compositoras e cantoras Luhli e Lucina, o documentário do diretor Rafael Saar cumpre um papel multifacetado, afetando o espectador por diversos fatores – é informativo e didático por tornar mais conhecidos fatos relativos a artistas que são obscuras para o grande público (apelar delas terem composto sucessos antológicos para os Secos e Molhados e para a carreira solo de Ney Matogrosso); é sensorialmente rico ao conseguir transformar em narrativa visual a musicalidade expansiva de suas biografadas; é pungente ao evidenciar a sensibilidade à flor-da-pele e o caráter libertário da arte e vida das protagonistas; é estimulante na sua dinâmica cinematográfica, ao combinar com concisão e leveza os elementos tradicionais desse tipo de produção (números musicais, imagens de arquivo, depoimentos e imagens contemporâneos). O resultado das acertadas escolhas estéticas e temáticas de Saar é um documentário de narrativa que encanta sem fazer perceber as horas passando e que dá uma baita vontade de ir atrás dos discos e canções de Luhli e Lucina. O que mais poderia se esperar de um documentário musical?

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Gostei bastante