As Loucuras de Dick e Jane, de Dean Parisot ***1/2
Em algumas oportunidades um filme despretensioso e aparentemente superficial consegue captar com muito mais fidelidade o espírito de uma época do que outro “sério” e “artístico”. Esse é o caso de “As Loucuras de Dick e Jane”, produção de 2006 que também é uma refilmagem de “Adivinhe Quem Veio Para Roubar” (1977), filme esse que confesso ainda não ter assistido.
A partir da história de Dick Harper (Jim Carrey), alto executivo que vê o seu mundo desabar quando a outrora poderosa empresa em que trabalha vai à bancarrota e se torna um assaltante junto com a esposa Jane (Tea Leoni) para manter seu padrão de vida, o diretor Dean Parisot faz um inventário irônico sobre os pesadelos maiores da classe média norte-americana, bem como oferece uma visão nada abonadora sobre as mutretas das grandes corporações econômicas. O final, inclusive, faz piada com a Enron, empresa que protagonizou um dos maiores escândalos financeiros da história dos EUA.
O grande mérito de Parisot é pegar uma temática complicada como essa e conseguir enquadra-la numa comédia tremendamente azeitada e divertida. Mesmo quem não está muito interessado em refletir sobre as agruras econômica dos norte-americanos vai dar umas boas risadas com a odisséia tragicômica dos protagonistas. Há momentos antológicos no filme de puro humor negro que chegam a ser perturbadores, como quando Dick é obrigado a enfrentar literalmente no braço uma série de executivos numa fila de candidatos para emprego ou quando começa a batalhar um emprego braçal junto com imigrantes chicanos, sendo que se chega até mesmo às raias do assustador na seqüência em que Jane fica deformada ao servir de cobaia para uma espécie de botox. Esses momentos de “As Loucuras de Dick e Jane” retratam de forma ácida e bem humorada os temores de boa parte da sociedade norte-americana, questionando a relação felicidade e poder econômico. As fronteiras entre a calma da família Harper no início do filme e o inferno pela qual a mesma passa posteriormente são tênues e delimitadas por um cargo bem remunerado.
De se destacar ainda no filme a ótima seqüência em que mostra a sucessão de assaltos cometidos pelos nossos heróis, além de pequenas sacadas cômicas que acentuam ainda mais o caráter sarcástico de “As Loucuras de Dick e Jane”: o filho do casal que só fala espanhol por influência da empregada doméstica, a prisão por tráfico de drogas da idosa e sorridente ex-funcionária da empresa em que Dick trabalhava, o antigo colega de Dick que é espancado na prisão por policiais enquanto comemora o recebimento de uma indenização trabalhista.
As coisas só desandam em “As Loucuras de Dick e Jane” no seu terço final, quando se acaba apelando para uma solução politicamente correta para os problemas dos protagonistas, diminuindo um pouco do humor corrosivo do filme. O que não impede, contudo, que essa produção seja um dos títulos cômicos mais expressivos de 2005.
Em algumas oportunidades um filme despretensioso e aparentemente superficial consegue captar com muito mais fidelidade o espírito de uma época do que outro “sério” e “artístico”. Esse é o caso de “As Loucuras de Dick e Jane”, produção de 2006 que também é uma refilmagem de “Adivinhe Quem Veio Para Roubar” (1977), filme esse que confesso ainda não ter assistido.
A partir da história de Dick Harper (Jim Carrey), alto executivo que vê o seu mundo desabar quando a outrora poderosa empresa em que trabalha vai à bancarrota e se torna um assaltante junto com a esposa Jane (Tea Leoni) para manter seu padrão de vida, o diretor Dean Parisot faz um inventário irônico sobre os pesadelos maiores da classe média norte-americana, bem como oferece uma visão nada abonadora sobre as mutretas das grandes corporações econômicas. O final, inclusive, faz piada com a Enron, empresa que protagonizou um dos maiores escândalos financeiros da história dos EUA.
O grande mérito de Parisot é pegar uma temática complicada como essa e conseguir enquadra-la numa comédia tremendamente azeitada e divertida. Mesmo quem não está muito interessado em refletir sobre as agruras econômica dos norte-americanos vai dar umas boas risadas com a odisséia tragicômica dos protagonistas. Há momentos antológicos no filme de puro humor negro que chegam a ser perturbadores, como quando Dick é obrigado a enfrentar literalmente no braço uma série de executivos numa fila de candidatos para emprego ou quando começa a batalhar um emprego braçal junto com imigrantes chicanos, sendo que se chega até mesmo às raias do assustador na seqüência em que Jane fica deformada ao servir de cobaia para uma espécie de botox. Esses momentos de “As Loucuras de Dick e Jane” retratam de forma ácida e bem humorada os temores de boa parte da sociedade norte-americana, questionando a relação felicidade e poder econômico. As fronteiras entre a calma da família Harper no início do filme e o inferno pela qual a mesma passa posteriormente são tênues e delimitadas por um cargo bem remunerado.
De se destacar ainda no filme a ótima seqüência em que mostra a sucessão de assaltos cometidos pelos nossos heróis, além de pequenas sacadas cômicas que acentuam ainda mais o caráter sarcástico de “As Loucuras de Dick e Jane”: o filho do casal que só fala espanhol por influência da empregada doméstica, a prisão por tráfico de drogas da idosa e sorridente ex-funcionária da empresa em que Dick trabalhava, o antigo colega de Dick que é espancado na prisão por policiais enquanto comemora o recebimento de uma indenização trabalhista.
As coisas só desandam em “As Loucuras de Dick e Jane” no seu terço final, quando se acaba apelando para uma solução politicamente correta para os problemas dos protagonistas, diminuindo um pouco do humor corrosivo do filme. O que não impede, contudo, que essa produção seja um dos títulos cômicos mais expressivos de 2005.
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