Perdita Durango, de Alex de La Iglesia ***1/2
Apesar da personagem título também estar presente em "Coração Selvagem", este filme do espanhol Alex de La Iglesia não tem muito a ver com o universo onírico e surreal de David Lynch. "Perdita Durango" pende muito mais para uma estranha mistura de comédia de humor negro e road movie, chegando até mesmo a lembrar em alguns momentos o clássico cult "Santa Sangria" de Alejandro Jodorowsky, principalmente nas seqüências envolvendo um insano espetáculo circense de voodoo comandado por Romeo Dolorosa (Javier Barden), o par romântico da nossa “heroína”. Iglesia filma tudo isso com um estilo seco e brutal, utilizando-se de uma fotografia que remete diretamente a spaghetti westerns, abusando de paisagens empoeiradas e de cores quentes. É fascinante também a forma com que o cineasta consegue criar climas amorais e perturbadores no meio da orgia de violência promovida por Romeo e Perdita (Rosie Perez), casal esse que tem um absurdo carisma. A única coisa destoante realmente em "Perdita Durango" é o seu final um tanto bunda mole, que vem com uma espécie de "moral da história" que parece negar todo o sarcasmo e cinismo que imperam por boa parte do filme.
Um comentário:
Eu diria que a principal diferença entre a direção de Iglesia e de Lynch é que o segundo faz questão de tudo ser 'maldito', destacando a doideira dos personagens, enquanto o primeiro friamente registra os dias de um bando de lunáticos, sem fazer lá grandes comentários. Prefiro a maneira como Iglesia filmou. Javier Barden está MUITO bem, também.
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