Tempo Esgotado, de John Bahdam ***
Filmes em tempo real, em que o tempo da trama é exatamente o mesmo da duração da metragem da obra, não chegam a ser tão raros assim nos cinemas. Muita coisa boa foi realizada se utilizando desse recurso: do clássico “Matar ou Morrer”, de Fred Zinnermann, ao recente “Antes do Pôr-do-Sol”, de Richard Linklater. Vale a pena ainda mencionar aquelas produções que radicalizaram ainda mais nessa via, como “Festim Diabólico”, de Alfred Hitchcock, e “Arca Russa”, de Alexander Sokurov, onde o desenrolar de suas tramas ocorrem sem cortes, consistindo em rebuscados trabalhos de planos-seqüência únicos.
Mesmo não sendo do quilate das obras acima mencionadas, “Tempo Esgotado” consegue explorar com eficiência o recurso do tempo real. Para isso, utiliza-se de uma premissa simples: o pacato pai de família Gene Watson (Johnny Depp) tem exatamente 75 minutos para matar a governadora de Los Angeles (Marsha Mason), senão terá a sua filha morta pelo vilão conspirador Sr. Smith (Christopher Walken, no seu eterno papel de sociopata). A partir disso, o diretor John Bahdam consegue realizar um suspense de fortes tintas hitckcockianas, em que cresce a tensão a medida que o tempo de Watson vai esgotando e o mesmo ficando cada vez mais enrascado. O trabalho esmerado de montagem e enquadramentos orquestrado por Bahdam oferece o suporte e agilidade necessários para um filme de ritmo urgente e intenso. Nesse sentido, é exemplar a seqüência de abertura de “Tempo Esgotado”, um hábil e expressivo trabalho de edição cinematográfica em que o Sr. Smith e sua parceira procuram apressadamente em uma estação de metrô uma vítima para seus planos maquiavélicos.
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