O Mercador de Veneza, de Michael Radford **1/2:
Devo confessar que achei perturbador essa recente adaptação para o cinema de "O Mercador de Veneza", só que por razões extra-cinematográficas. Explico: durante a minha vida de "cinemeiro" assisti tantos filmes sobre a 2ª Guerra onde judeus são retratados como vítimas que acabei ficando chocado em ver uma obra cujos "heróis" são descaradamente anti-semitas. Mas é claro que isso tem uma explicação perfeitamente compreensível: é a adaptação fiel de uma peça escrita em uma época em que preocupações politicamente corretas não eram levadas muito em conta.
Esquecendo esses detalhes antropológicos e falando no aspecto que interessa para esse blog, "O Mercador de Veneza" é um filme que deixa a desejar. Apesar da excelente direção de arte que recria com fidelidade a Veneza medieval, essa versão cinematográfica da obra clássica de Shakespeare tem uma narrativa pesada, pouco ágil, caindo em vários momentos no puro teatro filmado. O diretor Michael Radford para esquecer que há importantes diferenças entre as linguagens de teatro e cinema e que nem tudo que fica adequado para uma peça é a melhor escolha para um filme, sendo que acabamos tendo saudade das excelentes adaptações cinematográficas de Kenneth Branagh para as obras do velho bardo inglês. Apesar disso tudo, "O Mercador de Veneza" até vale uma conferida pela engraçada interpretação afetada de Jeremy Irons e a caracterização repulsiva de Al Pacino para o vilão Shylock.
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